sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sobre a decisão



E era uma noite dessas de inverno em São Paulo. No meio da semana, me deitei cedo e acabei adormecendo no meio de uma leitura. Acordei por volta das três da manhã, e sem sono nenhum, liguei o computador pra ver se havia alguma mensagem que pudesse salvar minha semana tediosa e cansativa. Me sentia enclausurada, num mundo de 3 metros quadrados. Tudo fechado, sempre. Tudo lotado, quente, fedido. E tudo isso pra quê? Pra quê acordar de madrugada, enfrentar trânsito, transportes lotados, filas e caras feias?

Tudo isso pra ter dinheiro, claro. Dinheiro pra quê? Pra comer e poder trabalhar melhor e ganhar mais dinheiro. E comer melhor e poder trabalhar mais. Só pra isso? Sério? O sentimento de clausura não passava. De jeito nenhum.

Lá estava eu em Salvador, na Bahia, olhando pro mar enquanto escrevia esse texto. Foi o resultado da minha noite de insônia, da minha síndrome de sardinha em lata, de quem precisa de uma razão pra acordar cedo todos os dias.

Encontrei. Agora eu sei porque eu tenho que acordar cedo todos os dias. Pra cada vez mais acordar em lugares diferentes, com ares, pessoas e culturas diferentes.

É a primeira grande decisão da minha vida adulta.
Me tornei uma viajante.