quarta-feira, 9 de junho de 2010

Você tem fome de que?

Estando num período de reeducação alimentar, me fiz essa pergunta hoje pela manhã. Respostas vieram incessantemente à minha cabeça. Como todos já devem ter percebido, sou uma criatura de gostos e opiniões peculiares. Seria estranho responder apenas: tenho fome de comida.

Tenho fome de conhecimento e habilidades, a ponto de saber fazer crochê e tricô (e me orgulhar disso). Minha fome é neurolinguística, pois quero sempre falar apropriadamente em cada situação, mesmo tendo interlocutores de níveis extremamente diferentes. Cosmogônica, pois em qualquer momento do dia ou da noite, paro pra pensar no universo, em sua criação e evolução, e na minha pequenez demasiadamente humana. E é fisiológica, claro. Eu sinto vontade de comer Nutella todos os dias.

Porém, toda minha fome ultrapassa algumas barreiras, e ao me referir à ‘fome de conhecimento’, me refiro também à fome pelo desconhecido. Por exemplo, desconhecia o prazer carnal e confesso que experimentei todas as suas lícitas formas. Desconhecia a independência, e fui atrás dela lá nos EUA. Desconhecia o universo corporativo, e hoje me encontro perfeitamente inserida nele.

Tenho fome de vencer. Mas vencer o quê e de quem? Vencer o orgulho, o egoísmo, a vaidade e meus maus hábitos. Vencer de mim mesma.

Constantemente sinto fome de arte em geral, de boa leitura e de bons pensamentos.
Às vezes, sinto saudades daquela fome exacerbada e exagerada do pós-coito.
Desenvolvo aos poucos minha fome pelo voluntariado e pelo altruísmo, mas como já mencionei antes, preciso primeiro vencer meu egoísmo.

Concluindo, minha reeducação alimentar me fez refletir mais sobre mudanças interiores do que as exteriores. Sei que isso soa estranho, mas concluo que hoje em dia tenho fome de mim mesma.

“Dizem que somos o que comemos. O que aconteceria se eu comesse a mim mesma?”
Um dia me fizeram essa pergunta, e creio que estou muito próxima de encontrar a resposta.