segunda-feira, 24 de março de 2014

Sobre o silêncio

Porque é só assim, sem ninguém ao meu redor, que eu encontro compreensão. Muitas vezes, é o que eu não digo que importa. Muitas vezes, é no que meus olhos não vêem que está a tentativa do conforto.
Porque eu preciso que alguma coisa faça sentido de novo.
Porque é muito estranho repreender quem tem excesso de amor. Porque na minha vida, eu só precisei dar amor à quem não conhecia isso.
Porque por muitas vezes, aquilo que almejamos é aquilo que nos cega. Porque o desprendimento não faz parte desse mundo.
Porque é preciso ser superficial para sobreviver.
Porque o certo não pode ser certo num mundo materialista.
Porque o errado é tentar entender. Porque o mediano é o melhor. A profundidade de uma alma, a sinceridade de um sorriso, a humildade dos humildes. Nada importa. Não vale a pena. Não neste mundo. Aceitemos e façamos o que puder ser feito. Em silêncio.

Por quê?

sábado, 22 de março de 2014

Sobre limpar gavetas

Todas elas, dentro de mim, diziam que isso nunca aconteceria. Que isso jamais seria possivel dentro dessa mente pluralizada, múltipla, perturbada, solitária e livre. Mas aconteceu.
Aconteceu que ele apareceu. E ele veio leve, levando minhas horas de sono e me fazendo sorrir. E ele se foi, antes mesmo do verão se acabar. E assim que ele se foi, assim que eu entendi que já estava em outro mundo, eu entendi que pela primeira vez eu havia me entregado. Que tudo aquilo que eu nunca havia revelado a mim mesma, ele já sabia. Talvez por sermos assim, meio parecidos. Como tudo acontece em atraso na minha vida, eu só percebi que estava apaixonada depois que a paixão havia acabado. Quando o platônico já era visível, o silêncio necessário e a solidão um merecimento.
Ser livre dói.
Posso dizer, como sempre disse, que ele era a pessoa mais próxima e mais distante na minha vida. Que ele foi o primeiro homem de verdade na minha vida - e só ele sabe que isso é verdade.

Não quero nada.
Só quero agradecer.
Nossa história é linda.
Obrigada, CW.

Song For The Road

quinta-feira, 13 de março de 2014

Sobre a Aceitação




Porque é preciso encontrar um motivo qualquer, todos os dias, pra valer a pena viver. Porque esse mundo não tá tão legal assim. Não é um lugar bom pra se viver. Não é fácil viver preso sob a lei da compensação. Não é fácil viver estagnado no pensamento da utopia da felicidade plena. Não é fácil encarar um mundo maniqueísta, onde claro, a sociedade estabelece que alguém livre é louco e o louco é um pobre coitado.
De que lado você realmente está? Já parou pra pensar nisso? Ou a ideia da liberdade é lúdica demais pra fazer parte dos seus pensamentos? Onde você encontra razão pra viver? Já pensou pra que você trabalha? Pra pagar almoço, condução e impostos? O que te faz acordar todos os dias? Onde está a beleza do seu mundo? Pra onde você caminha?

Eu respondi essas perguntas hoje. E estou muito consciente do que está a minha frente. Contudo, o que está ao meu redor é o que me sustenta e, embora eu ainda não acredite em mim, eu acredito que a beleza do meu mundo está dentro de mim e segue o meu olhar ao mundo. A felicidade plena não existe. O mais próximo disso é a consciência e a aceitação do que se é. Aceite e seja. Não importa o quê. Aceite e seja.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Sobre a busca


Três Cidades – parte I

Um dia eu acordei, entrei no Google e vi uma foto de uma cidade histórica qualquer, em algum lugar qualquer. Foi por causa dessa foto que eu quis conhecer alguma cidade histórica qualquer. E desde essa primeira viagem, decidi conhecer todas as cidades históricas possíveis.

Relato aqui algumas coisas sobre as três primeiras cidades que visitei.

Comecei pelo mais barato e óbvio. Pelourinho, Salvador, Bahia. De verdade, a única coisa boa de Salvador. A cidade é um caos, tem esgoto a céu aberto em qualquer canto e qualquer coisa que se coma lá custa R$ 60,00. Me hospedei na orla, num hotelzinho 3 estrelas de frente pro mar. Dava pra ir andando até o Farol da Barra, uma caminhada de 2 km e um monte de vendedor ambulante pulando no seu pescoço. Ai de você se não comprar alguma coisa. Compre. Vai por mim. R$ 10,00 num colar é o preço do seu sossego.  O acarajé da Dona Tânia de frente com o Farol é o melhor (sim, experimentei TODOS), custam 3 reais e valem um almoço. O Pelourinho vale por tudo. Pelos museus, lojinhas, restaurantes e cafés. A cada trinta minutos passa o Olodum tocando, portanto você passa o dia inteiro dançando o ilê-ayê. Divertidíssimo. Pseudo-fotógrafos, vale a pena entrar nas vielas escondidinhas atrás da praça principal, são mais vazias e cheias de casas interessantes. Óbvio, não entre depois que escurecer. A Praia de Itapuã é uma farsa. O Estádio Fonte Nova estava em construção na época, não consegui entrar. O aeroporto não tem ar-condicionado.

 

Depois disso, peguei um ônibus e fui até Paraty, no Rio de Janeiro. Saindo do Tietê, custa uns 50 reais e leva 8 horas pra chegar lá. Tirando a chuva que ia e vinha e o monte de gente escorregando nas ruas do centro histórico, tudo correu bem. Comida boa, muito boa. Bar do Poeta e Café Paraty são incríveis. O centro é tão pequeno e acolhedor que dá pra conhecer tudo em 2 horas. Depois disso você fica dando voltas e voltas nos mesmos lugares, o que vale a pena fazer solitariamente com um fone de ouvido e uma trilha sonora de Duke Ellington. É um lugar onde me senti muito livre. Entenda como você quiser. Me hospedei numa pousada na Praia do Jabaquara, há 15 minutos de carro do centro histórico. Valor excelente (pagaria o mesmo pra dividir um quarto com 12 criaturas num hostel se tivesse ficado no agito), 90 metros da areia da praia e do lado do quiosque Caminito – a melhor carne argentina fora da Argentina.

 

Porto Seguro e sua ‘incrível’ cidade histórica. Fiz um tour naquele ônibus de dois andares, com um grupo de mulheres de meia idade, onde o guia local colocou um CD da Rihana no último volume e eu fiquei lá em cima, exposta ao Sol e ao vento, vendo minhas colegas de excursão acenando para as pessoas na rua, enquanto ouvia “this girl is on fireeeeeeeee...” – Paguei R$ 50,00 e perdi a minha dignidade. Decepcionadíssima com o que vi, mas válido pela história do lugar. Pelo que você imagina que aconteceu ali. A cidade histórica consiste em: 3 igrejas, uma pedra de Pedro Alvares Cabral e um monte de casinha-colorida-fake enfileiradinha. Vale pela vista. O Memorial do Descobrimento é interessantíssimo e a comida é boa em qualquer lugar. Me hospedei numa pousada em Santa Cruz Cabrália, beira-mar, custo-benefício sensacional. A praia de Coroa Vermelha estava a 50 metros do hotel, dava pra ir andando até o local da primeira missa e a feirinha de artesanatos é coisa fina. Você encontra vestidos lindos por preços ótimos e todas as barracas aceitam cartão de débito e crédito. Ideal pra uma semana de descanso.

 

Continuo procurando o local que eu vi na foto, aquela que me motivou a começar a explorar essas cidades. Não salvei essa imagem em lugar nenhum, não achei mais a foto na rede. No final das contas, viajo pra encontrar esse lugar que eu vi. E como tudo na minha vida, morro de medo de encontrar e não ter mais o que procurar depois. Paradoxo no melhor estilo lacaniano. E é individual.

domingo, 2 de março de 2014

Sobre o fim

De tédio morreu o medroso,
De solidão morreu o perturbado,
De onanismo morreu o sábio,
De carnaval morreu o sóbrio,
De música morreu o poeta,
De poesia morreu o sonhador,
De preguiça morreu o bêbado,
De arte morreu o amor.
Imaturos demais,
morreram velhos.
Mentirosos demais,
morreram verdadeiros.
E orgulhosos demais,
morreram livres.