sábado, 23 de maio de 2015

Sobre fábulas

Trilha para esse texto: clique aqui



Tenho um dia pra dormir. A cada quinze dias, eu durmo por doze horas seguidas, ininterruptamente, pra tentar de alguma forma recuperar-me do cansaço físico que é trabalhar de domingo a domingo. Hoje foi esse dia. Acordei depois de muito tempo. Dormi até cansar de dormir. Despertei com esse texto na minha mente. Acho que porque sonhei com você. Sonhei com a gente. Sonhei comigo.
E naquele momento, estávamos novamente juntos dentro daquele quadro. Senti uma onda fria vindo em minha direção. E de repente, você sumia no meio de uma tempestade de vento.

Não sei por que me emocionei tanto. Não sei por que acordei. Não sei por que sonhei. Sei que senti saudades. De mim. Senti saudades daquele você que eu não pude conhecer.
Mas, acima de tudo, senti saudades daquele tempo. Tempo esse em que acreditava em tantas coisas. Como se tivesse lido algum livro que revelasse a verdade por trás dos contos de fadas, e de repente descobrisse que na verdade Cinderela foi uma escrava sexual egípcia, o que Branca de Neve não tinha nada a ver com os sete anões. Eu acordei e percebi que nunca houve nenhuma fábula entre nós. Simplesmente uma sequência de fatos ordinários, onde nada de especial aconteceu. Apenas pequenas tragédias e alegrias menores ainda, que juntas soaram como algo grande. Não. Eu fui apenas escrava daquilo que achava ser verdade. E nada era verdade.

Hoje, ao ler suas palavras novamente, percebo o quanto você prefere continuar acreditando na sua fábula e o quanto eu não preciso mais de fábulas para ser feliz. Hoje, ao saber que você nunca vai admitir a sua verdade, percebo o quanto eu adoraria ter você comigo. O quanto eu seria capaz de amar a verdade que existia por trás daquele personagem que você criou.

Sinto saudades apenas da pessoa que não conheci e temo nunca mais querer dormir.