segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Sobre os Livros




Bem longe da minha meta, encerro o ano com essa lista um tanto quanto esquisita.

Henry and June – Anais Nin
As virgens suicidas – Jeffrey Eugenides
Histórias Extraordinárias – Edgar Allen Poe
Os cadernos de Malte L. Brigges – Rilke
Alberto Giacometti - Jean Paul Sartre
Ecologia da alma – Patrícia Candido
Tristessa – Jack Kerouac
Nas Redes do Sexo - María Elvira Díaz
Como Woody Allen pode mudar sua vida - Éric Vertzbed
Cinquenta tons de cinza – E L James
Big Sur – Jack Kerouac
Fifty Shades Darker – E L James
Fifty Shades Freed – E L James
As melhores histórias da mitologia - Carmen Saganfredo e A.S. Franchini
Espinhos do Tempo – Zibia Gasparetto / Lucius
Trem Bala – Martha Medeiros
A última chance – Marcelo Cesar / Marco Aurélio
O túnel – Ernesto Sabato
Pássaros Feridos - Colleen McCullough
De todo o meu ser – Monica de Castro / Leonel




quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Because I said goodbye


A Terra é redonda (dãh), assim como qualquer outro astro ou planeta. A mensagem divina dentro dessa forma geométrica é de que: tudo é cíclico, dá voltas e voltas e exige que nós, míseros habitantes de uma dessas esferas, nos mantenhamos sempre em processo de rotatividade. 
Os ciclos se fecham a tal modo que quando um ponto se junta ao outro, de alguma forma alguns elementos necessitam sair dele. Na maioria das vezes, por falta de espaço.
Entender a hora certa de sair desse ciclo é a grande façanha de quem está na eminência de. Ver as pontas se fechando, estar posicionado bem na porta de saída e não saber se se aperta e dá um passo pra dentro, ou sai e procura algum ciclo onde haja espaço suficiente para pelo menos se respirar novamente. E como decidir?
Em toda a minha vida, nunca saí entristecida de um ciclo. Sempre aprendi muito em cada fase que escolhi passar. Novamente, saio feliz. Por saber que o que havia de ser feito, foi feito. De que fiz o melhor que pude, dentro do que me foi pedido e disponibilizado. Saio com a consciência leve e um desejo de continuar progredindo. A mudança e a continuidade são a base da ordem e do progresso. Como sempre, virarei uma lenda. Pessoas vão lembrar de mim durante algum tempo, até que um dia esquecerão. É o ciclo.
Hora de reorganizar.
O aprendizado é um deleite. Um prazer.
Vou em busca disso. Eu preciso disso. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Sobre a Troca



De verdade? Eu queria mesmo que o mundo acabasse no dia 21 de Dezembro. Ou pelo menos que todo mundo REALMENTE acreditasse nisso. Quem sabe assim, não faríamos exatamente aquilo que sempre sonhamos fazer, mas nunca tivemos coragem. Quem sabe então, não começaríamos trocar trabalho por diversão, e não diversão por trabalho. A vida seria uma festa, onde todo mundo trocaria horas trabalhadas por horas vividas.

Eu vi gente muito jovem indo embora, eu entendi que sim, um dia tudo acaba. Eu vi que o dinheiro parado no banco não é necessariamente um dinheiro ganhado. É dinheiro perdido. Porque eu acho que o dinheiro não é válido lá nas colônias espirituais, eu ainda não li em nenhum livro do André Luis que tem um caixa eletrônico do Itaú lá no Nosso Lar. Então eu aprendi a trocar. Eu deixo de fazer certas coisas, pra poder fazer outras. Mas definitivamente parei de trocar tudo simplesmente pra ter dinheiro parado no banco. É simples.

Eu deixei de almoçar fora durante um ano. Passei a comer sanduíches frios sozinha na minha sala. Troquei por algumas viagens, com todas as regalias possíveis. Eu deixei de pegar metrô, passei a acordar mais cedo e sofrer o que um trabalhador que pega 5 ônibus por dia sofre. Mas quando eu via o sol nascendo todos os dias, enquanto estava de pé naquele lugar apertado e abafado, eu pensei em todos os horizontes que meus olhos já haviam visto, nos mares, oceanos, rios e matas que pude observar ao longo das minhas viagens.

Troquei sapatos e roupas por livros, cabeleireiro por passagens aéreas – meu cabelo está comprido, e não é porque eu gosto dele assim.

E confesso, acabei de fazer uma troca gigantesca na minha vida. Daquelas que dão muito medo à princípio, mas que o universo calmamente vai me mostrar que foi o certo. Daquelas que mudam o curso de nossa vida e nos fazem entrar em ciclos novos, rotina e horários novos.

Engraçado que quando o ano de 2012 se apresentou como ‘o pior começo de ano da minha vida’ eu não imaginava que eu conseguiria mudar isso de forma tão bem sucedida. Eu troquei o pior pelo melhor. Troquei tudo e deu certo.

Portanto, se esses forem os últimos dias da humanidade, saibam que eu, Regina Sato, vivi o melhor ano da minha vida e fiz tudo aquilo que eu quis fazer.  

Caso o mundo não acabe, troque tudo em 2013. Finja que é um mundo novo. 
Trocar de vida é possível. E é bem divertido...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Sobre os caminhos

Pedras escorregadias, ruas estreitas, guarda-chuvas abertos. Não fosse a solidão e o encontro com pessoas também solitárias, diria que tudo havia dado errado.

Estradas enlameadas, bebidas quentes, proibido fumar no quarto. Não fosse a praia deserta e o mormaço a limpar as impurezas da minha pele, diria que tudo havia sido mal planejado.

Excesso de bebida, excesso de carinho, excesso de tentativas. Não fosse o encontro inusitado, a noite clara e a carência, diria que tudo havia sido apenas sorte.

Não tive sorte. Não tivemos sorte. Apenas nos reencontramos. Cedo ou tarde isso aconteceria.
Me espere no mesmo lugar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sobre a decisão



E era uma noite dessas de inverno em São Paulo. No meio da semana, me deitei cedo e acabei adormecendo no meio de uma leitura. Acordei por volta das três da manhã, e sem sono nenhum, liguei o computador pra ver se havia alguma mensagem que pudesse salvar minha semana tediosa e cansativa. Me sentia enclausurada, num mundo de 3 metros quadrados. Tudo fechado, sempre. Tudo lotado, quente, fedido. E tudo isso pra quê? Pra quê acordar de madrugada, enfrentar trânsito, transportes lotados, filas e caras feias?

Tudo isso pra ter dinheiro, claro. Dinheiro pra quê? Pra comer e poder trabalhar melhor e ganhar mais dinheiro. E comer melhor e poder trabalhar mais. Só pra isso? Sério? O sentimento de clausura não passava. De jeito nenhum.

Lá estava eu em Salvador, na Bahia, olhando pro mar enquanto escrevia esse texto. Foi o resultado da minha noite de insônia, da minha síndrome de sardinha em lata, de quem precisa de uma razão pra acordar cedo todos os dias.

Encontrei. Agora eu sei porque eu tenho que acordar cedo todos os dias. Pra cada vez mais acordar em lugares diferentes, com ares, pessoas e culturas diferentes.

É a primeira grande decisão da minha vida adulta.
Me tornei uma viajante. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre a Aprendizagem


Eu aprendi poucas coisas nessa vida, muito poucas mesmo. Só sei trabalhar de uma coisa, mas adoro ser proativa com o trabalho dos outros. Não sei ser voluntária, ainda não desconectei direito o trabalho ao dinheiro. Por outro lado, não acho que dinheiro seja mais importante que a minha liberdade. 

Eu aceitei que não aprendi a dirigir. E não aprenderei. Assim sendo, poupo meu ego de tentar fazer algo que não consigo e poupo o ego das pessoas que tentaram arduamente me ensinar. Não, não é culpa dos meus professores. Sou eu que não tenho aptidão. Depois que aceitei, minha vida ficou mais fácil.

Eu entendi que pessoas vêm e vão. Algumas poucas ficam. E essas que ficaram na minha vida me terão pra sempre. Independentemente de quantas dificuldades aparecerão ou de quantos obstáculos teremos que enfrentar. Afinidade não se impõe. Se constrói. E leva tempo.

Eu aprendi que minha dignidade é o que tenho de mais importante. Eu sei quando estou sobrando, quando estou atrapalhando. E sei me retirar na hora certa.

Eu observo, eu escuto, eu falo. Eu finjo, eu me engano, eu aceito. Eu aprendo e entendo. Mas não perdôo. 

Ainda não aprendi.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sobre o fenômeno


Num certo dia, fuçando ociosamente pelas redes sociais na internet, me pego intrigada por ver repetidas vezes a imagem da capa de um livro que seria lançado aqui no Brasil, com chamadas do tipo: ‘o maior fenômeno mundial’, ‘bestseller em 38 países’, bla bla bla... O título chamou atenção, bem como a imagem de uma gravata cinza prateada. Do que se trataria?

Resolvi ler. E sim, o livro é um fenômeno. Desses que acontecem de vez em quando. Um livro mal escrito, repetitivo (ela morde os lábios 294 vezes), feito sob medida para um público digamos, de alma feminina e que já está meio velho pra ler a saga Crepúsculo. Uma história de 2 personagens principais, 4 personagens secundários e 2 citados o tempo todo, mas que nunca apareceram de fato. Um homem com preferências sexuais peculiares (comum para muitos hoje em dia, mas aterrorizantes para as donas de casa americanas) e uma garota virgem e atrapalhada. Um homem trilhardário e uma garota que dirige um fusca velho. Imagina, nada clichê. Sequências detalhadas de atos sexuais ‘proibido para menores’,  diálogos moralistas misturados com um tom de diário da 8ª. série.

É um fenômeno porque você não consegue parar de ler. De jeito nenhum. Precisa saber o que vai acontecer. Simples assim. Li em 4 dias, compulsivamente dentro dos transportes públicos, me contorcendo pra que ninguém ‘pescoçasse’ e descobrisse que eu estava lendo um romance erótico. 

Enfim, terminei o livro num domingo a noite e passei 2 dias pensando nos personagens e pesquisando sobre o filme que está sendo produzido ‘based on this novel’.

Passado o surto pós-leitura-mamão-papaya, compensei minha alma com mais uma aventura de Jack Kerouac, e calmamente absorvi toda a decadência beatnik em Big Sur, sorrindo, chorando, pensando, como só Kerouac consegue me fazer.  Feito isso, corri pra livraria e comprei a continuação do tal livrinho estranho-fenômeno, e cá estou eu, me preparando com um copo de chá, um setlist de música clássica (ah, sim, eles ouvem muita música clássica na mansão de Grey) e um abajur aceso sob minha cabeça. Eu e minha estranha bipolaridade literária.

Nessas horas, eu me lembro de um amigo cinéfilo, cujo gosto e conhecimento sobre cinema são de níveis altíssimos que um dia me confessou que gostava do filme ‘Super Xuxa contra o Baixo Astral’. 

Hoje eu o entendo.
 

sábado, 30 de junho de 2012

Sobre o Retorno




Vou contar até dez. E volto a contar até o zero. Sucessivamente, como o vento. Vai e volta.

Vem, vem agora. Mas, vá. Não fique pra sempre. O vento parado é o ar rarefeito. Pode matar.

Um, dois, três, um, dois, três. Conte comigo, não me deixe em pânico. Conte minha respiração, minha contração.

Cada segundo que pulsa é o infinito de minha aflição, de minha angústia, do meu desejo. A minha aflição calma, minha angústia feliz e meu desejo sem esperança.

Vem, que eu preciso de alguém pra compartilhar o meu tédio. Venha para ler meus pensamentos e entender cada piscar de olhos.

Vem, vem agora. Estou pronta. Eu, meus textos secretos e meus pés gelados estamos prontos.


 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ensaio sobre o merecimento


Semana de aniversário é sempre a mesma lamentação. Porque estou ficando velha, porque ninguém me ama, ninguém me quer, eu sou uma fat-bitch-loser, minha vida é uma porcaria e estou entediada. É uma semana de reclamações online pros coitados que me lêem e tentam me motivar, é uma semana de chororôs pros coitados que trabalham comigo, é uma semana de mensagens de todos os tipos convidando todo mundo pra fazer qualquer coisa, só porque estou ficando velha e neurótica e acho que preciso aproveitar mais a vida.
Me arrependo de não ter frequentado mais a academia, menos a biblioteca, mais a igreja e menos A Loca. Digo que queria ser alienada e bombada, que seria mais feliz do que ser essa nerd que se veste estranhamente. Penso nas besteiras que as pessoas que estão prestes à morrer pensam. Aqueles arrependimentos idiotas. Só causam câncer.

Agora, com a maior sinceridade e menor modéstia do mundo, vamos falar a verdade.

Pra começar, eu moro em São Paulo. Num lugar que um monte de gente gostaria de morar hoje em dia. Sou nascida, crescida e engordada numa cidade incrível. E mesmo assim, eu reclamo de tédio. Como alguém consegue se entediar numa cidade com mais de 10 milhões de habitantes?
Tenho os melhores amigos do mundo. Os mais inteligentes, inspiradores, cultos, engraçados, cínicos e desajustados. Um monte de gente adoraria ter os amigos que tenho, eu sei disso. E mesmo assim, eu reclamo de solidão. Como alguém consegue reclamar de solidão recebendo o carinho que recebe diariamente?

Já morei fora. Nova York fez parte da minha rotina durante um bom tempo. Conheci o verão da Califórnia e pude ver de perto a maldita Hollywood, aquela desgraçada que me fez acreditar nas besteiras que eu, no meu subconsciente, ainda acredito. Conheci a natureza selvagem do cerrado brasileiro e estou prestes à andar pelo calçadão de Copacabana ouvindo as trilhas sonoras da cafonice de Manoel Carlos. Em breve verei o foggy londrino e a Casa Rosada. E mesmo assim, eu reclamo que sou geograficamente limitada. Vai à merda, Regina.
Falo uma língua que as pessoas andam pagando caro pra aprender. Mas, me envergonho por não ser fluente na língua de meus antecendentes, só pra poder conversar com os mais velhos da família. Puro exibicionismo.

Tenho uma família de comercial de margarina. Sério. Quem conhece minha família sabe o quanto somos unidos e rimos juntos. O quanto nos ajudamos e nos respeitamos. Tenho pai e mãe vivos. O que pra minha idade é um privilégio, sim. E mesmo assim, eu reclamo porque ainda durmo numa cama de solteiro.

Eu tenho alguém que me ama. Não um amor qualquer, daqueles submissos e manipulativos. Alguém que me ama sem esperar nada em troca. Alguém que cuida de mim há tantos anos, que me protege, que me aquece e me preenche. E mesmo assim, eu sou mal-amada e indesejada.

Eu trabalho com o que amo. Eu não pago aluguel. Meu nome está limpo. Eu voltei a andar depois de meses travada numa cama. Eu corro 4 km ‘de boa’. Eu não tenho prestação atrasada das Casas Bahia. Eu não preciso mais comprar roupas na Palank.
Eu acredito em Deus. Eu sou Espírita. Quem tem religião não tem o direito de reclamar da vida. Eu sei disso. E mesmo assim, eu reclamo.

Eu mereço tudo de ruim que acontece comigo.


Inspirado em um post de uma amiga sobre um evento da "Virada Cultural - SP - 2012": se você mora em sp e não está no show do seun kuti por livre e espontânea vontade você merece tudo de ruim que te acontece.

sábado, 5 de maio de 2012

Tudo o que você sempre quis saber sobre a minha vida virtual, mas nunca teve coragem (nem intimidade) pra perguntar.


Não posso mais negar. Minha vida chegou na triste estatística de que o virtual e o real se igualaram. 50/50. #FiftyFifty.

Percebi isso numa semana de muito trabalho. Precisava de concentração total, tamanha responsabilidade que me foi atribuída. Decidi que não passaria mais de vinte minutos por dia nas redes sociais (3 que eu visito frequentemente, pra ser mais exata) e passaria as outras 23 horas e 40 minutos focada no trabalho. Claro, não abri mão dos emails e mensagens de texto via celular. A diferença é que seriam conversas e mensagens privativas, e não na calçada pra todo mundo ouvir, curtir ou não curtir, compartilhar ou julgar. Resumindo, voltaria a ter uma vida normal. #timetogrowup

E tudo se tornou banal. Coisas simples que se tornariam grandes eventos se fossem posts, voltaram a ser coisas simples. Tudo fica rápido, passa rápido, você esquece rápido. Se for publicado, você vai ficar dois dias falando sobre o ‘tal fato’. Vai ficar se remoendo, ou se divertindo por muito mais tempo. Falar sobre a rotina na rede social faz tudo ficar mais longo, eterniza aquilo que simplesmente deveria passar. #YeahLoser

Deixar de dividir sua vida com seus (hoje) 668 amigos por alguns dias é estranho. No primeiro dia não fez muita falta. A empolgação com o projeto, as idéias, as novidades, as novas amizades, tudo isso ocupa muito tempo. Não vou negar que antes de dormir eu respondi algumas mensagens inbox e dei uma olhadinha nas páginas dos meus ‘preferidos’. #closefriends. No segundo dia, não resisti. Postei uma das coisas que mais amo. Foto do cotidiano. Dei feliz aniversário – contrato social, é necessário. #Foco. Mais um dia sem acesso. Tudo está sob controle.

O meu “about me” diz que sou chocólatra.  Aí eu experimento um dos melhores chocolates da minha vida. Mais uma foto. #Recaída.

Aí, alguém me liga. E me diz que estão me xingando no ‘feice’. Pobre, feia e fedida, pra ser mais exata.  #triste. Tive que acessar pra separar grupos, excluir e bloquear pessoas. Faz parte do mundo virtual não ter medo de fechar a porta. Faz parte simplesmente fechar os olhos e os ouvidos. E continuar a viver da melhor maneira, sem desejar o mal de ninguém e focar em coisas que ajudem na evolução. São pessoas boas porém, solitárias. Confesso que eu cancelo assinaturas de preconceituosos em geral, religiosos fanáticos, game maníacos, corinthianos chatos, e claro, quem posta fotos de cachorro morrendo e criança com bolotas vermelhas saltando pelos olhos. Sou seletiva e tenho grupos que recebem as informações que eu quero que recebam. #prontofalei #sorry.

Passada a vergonha alheia, voltei ao foco. Sem rede social. Achei que ia ter febre, que ia perder a fome (#há), que ia aumentar as doses dos antidepressivos diários. Que nada. Dá pra viver muito bem sem estar o tempo todo querendo saber o que seus amigos estão fazendo. Existe o telefone, existem os cafés na Augusta, existem os restaurantes deliciosos do Itaim. A diferença é que tudo passou rápido, e com certeza vou esquecer num futuro próximo.

Juro que minutos antes de voltar a acessar aquela rede social #docapeta, eu pensei em deletar a conta, e simplesmente continuar a viver apenas a vida real. Não consegui, claro. Mas já foi um ensaio. E eu gostei. Um dia isso acontecerá de verdade, eu sei, mas por enquanto não consigo viver sem.

Ainda quero que as coisinhas bestinhas da minha rotina se tornem piadas com ‘27 comments e 18 likes’. Ainda quero mostrar pra todo mundo meus amigos queridos, minhas comidas preferidas, os filmes que vejo, as músicas que ouço, e demonstrar meu amor para o meu amor publicamente. Ainda sou egocêntrica o suficiente pra #ADORAR um drama, um exagero e uma piada ácida. Sou boa nisso. Quando quero. Ainda sou imprevisível e instável. E eu preciso das redes sociais exatamente pra isso. #Confesso, eu adoro um público.

Coisas de quem sofreu bullying a infância e adolescência inteiras, e quando chegou aos 30 descobriu que é uma pessoa especial – e o melhor, no bom sentido.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Mais uma vez



Só um poeta jogado às lágrimas escreveria uma carta de amor. Fora desse estado, seria um apanhado de palavras repetidas, apenas para agradar o outro ser e cumprir com o protocolo. Mas aquele que chora, aquele que rola, aquele que sente, esse sim escreve uma carta de amor.

Carta essa que nunca chegará ao destinatário. Carta essa que ficará guardada numa gaveta, até que de um lado estejam palavras doídas e do outro, endereços aleatórios, cubos, espirais, e qualquer outra coisa que será desenhada enquanto se fala ao telefone.

Mas é uma carta de amor. É sim. Tem sentimento, tem dor, tem perda. Tem pouco sorriso, pouco amor. Tem desprezo, tem espera, tem angústia. E tem o orgulho. Foi escrita no meio da madrugada.

Cartas sem dor são escritas nos parques, nos escritórios, nos intervalos. Cartas de amor são escritas à noite. Com um cinzeiro cheio de bitucas de cigarro de um lado e um copo com o resto de um café frio e amargo do outro. Cartas de amor têm cheiro de óvulo. Têm cheiro de tensão. Não são perfumadas, e não têm desenhos. Cartas de amor têm apenas dor. Essa dor que passa à medida que as horas passam, à medida que os parágrafos surgem, na mesma proporção que o sono chega.

No final da carta de amor, com os dedos cansados, com os olhos inchados e exausta de olhar pra mesma fotografia envelhecida dentro da gaveta, o sentimento já é de tédio. A carta de amor se transforma em carta de desabafo. E na terceira vez que a carta for lida, a vergonha de si mesma é tanta que o ensaio de um sorriso até aparece no rosto, e aquela risada cheia de saliva que se junta ao chorar aparece.

A vida volta ao normal.

Mais uma vez, o destinatário não a lerá. Mais uma vez, a carta de amor não servirá pra nada. Já me disseram uma vez: ‘cartas de amor são ridículas, se não fossem ridículas não seriam cartas de amor.’ Sim, concordo. Ridículas. Assim como eu. Assim como eu. Assim como eu.

E sim, gargalhadas. Claro.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Expurgar

E lá vou eu de novo. Mais uma vez, correndo atrás do que ainda posso chamar de sentimento. Indo atrás de mim mesma, do meu espelho, do meu conforto.

Vou pra preencher alguns espaços vazios e machucados. Vou pra rir verdadeiramente. Ouvir e ser ouvida com o coração. Vou pra ficar em silêncio. Daqueles que só são confortáveis ao lado daqueles que não tememos.

Vou porque preciso dos seus braços, dos seus olhos, do seu sorriso. Vou pra você me chacoalhar e dizer seca e friamente o quanto eu ainda não aprendi nada.

Vou pra ouvir verdades sobre mim mesma. E chorar. E soluçar. E cantar.

Vou porque é só aí, deitada em seu silêncio que eu consigo entender e agradecer um pouco o fato de ter nascido e feito as escolhas que fiz. Foi pra chegar até aí, pra ouvir o pulsar de algo que é eterno em mim.

Vou porque eu preciso, mais uma vez, lembrar que sou capaz de sentir.
Vou porque você é metade. E eu preciso de algo que lembre o que eu sou. Uma vez que estou inexistente. Uma vez que olho no espelho e não enxergo nada.

Preciso enxergar você pra poder me enxergar novamente.

domingo, 18 de março de 2012

Sobre o Recomeço

Admitamos o seguinte: são os recomeços que movem nossa vida, nossa humanidade, nosso planeta. Se nada tivesse fim, pra quê viver? Se tudo fosse eterno e não se renovasse, ainda estaríamos tentando inventar a roda.

Mas poderia ser pior. Não há muito o que reclamar afinal.

Moro numa cidade onde existem inúmeras atrações. Recomeços implicam em algumas sessões de cinema no meio da tarde, sozinha, comendo os pãezinhos de queijo do CineSesc da Augusta. Faz parte do recomeço olhar inúmeras vezes pro telefone e não saber pra quem ligar. Faz parte do recomeço tomar um Advil antes de dormir, com a esperança de que vai tirar essa dor do vazio. Recomeçar significa ter paciência e esperar que uma nova rotina se fixe a ponto de não sentir mais saudade da antiga.
São sempre nos recomeços que conheço pessoas interessantes, que ouço músicas boas e leio incessantemente. São nesses espaços entre um ciclo que se fecha e outro que inicia que eu alimento minha alma de cultura. Porque é só estando sozinha que eu consigo isso. Porque eu continuo com a idéia fixa de que eu só existo quando ninguém me olha.

Agora eu não tenho mais medo de recomeçar. Tenho preguiça, é fato. Mas não temo. Recomeçarei quantas vezes forem necessárias. Fecharei quantos ciclos achar que devo fechar. E abrirei outros tantos, na medida das minhas necessidades. Culturais, espirituais, intelectuais, sexuais e emocionais.

E terei sempre aqueles fiéis ao meu lado. Que por mais de uma década me dão o braço pra me levantar, o ombro pra eu chorar e uma piada irônica e de extremo humor-negro pra eu rir. Que sempre irão sugerir os filmes, os cafés, os livros, os hambúrgueres e os sorvetes certos. Que me darão todos os espaços necessários pra eu pular de um ciclo pra outro, e esperarão os recomeços pra preencher meus espaços vazios. Que me provarão que sim, ainda vale a pena viver.

E é pra vocês, que sempre fizeram parte dos meus recomeços, que eu ofereço esse texto.

Anuncio, oficialmente, que estou pronta pra recomeçar.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O Verão

A verdade é que eu tenho medo do verão. Não é questão de gostar ou não gostar. É o medo mesmo. O verão sempre traz coisas de volta. Traz cheiros, lugares, objetos. E aves. E pessoas.

E esse período me faz sair por aí, sem rumo, sem hora pra voltar. Apenas para poder sentir a brisa fresca penetrando minhas roupas e esfriando meu sangue. Apenas para ter, por algumas horas, a sensação de liberdade, sentindo o vento e a chuva entrando pelas janelas daqueles quartos escondidos no meio dessa multidão de quartos.

E são exatamente nessas fugas que eu me encontro. Encontro aquilo perdido dentro de mim mesma. Aquilo que aparece em anos bissextos, me dando o direito de viver um dia a mais. Some, fica anos escondido, para ser chamada de novo. Chamadas inesperadas em busca da montanha mais alta, com o vento mais forte, com a lembrança mais bela de seus olhos.

Naturalmente, o verão acabará. As folhas e o cheiro do outono voltarão e outras lembranças e outras pessoas também. As aves irão embora, levarão o calor e a busca do ar fresco para outros continentes.

Encontrarei alento em outros lugares, em outros objetos. Em outras aves. Em outras pessoas.

Contudo, intimamente, secretamente e amedontramente, aguardei outro verão. Se ele virá ou não, já não é mais importante. Esse ano, o calor não tomou apenas a minha pele. Cravou meu sangue.

E no sangue, a memória é eterna.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Esperar?

Um dos grandes males da minha vida foi esperar. Ou saber esperar. Sou humana (fazer o quê?) e por natureza, sou um ser que vive na expectativa. Que nunca se conforma e sempre acha que precisa de algo novo e diferente pra continuar com a motivação de viver num lugar tão estranho que é esse mundo. Noventa por cento das expectativas são materiais. Infelizmente ainda são.

Com a maturidade, percebi que não adianta tentar inibir as expectativas. E sim, saber esperar saudavelmente. Saber que ‘aquilo’ virá se for necessário mesmo, se for pro seu bem. Saber esperar sem desfocalizar os compromissos e as responsabilidades.

Sem alterar o metabolismo e relógio biológico. Sem esquecer daquilo que já se tem e está bom. Sem esquecer de agradecer aquilo que ainda não se tem. Sem esquecer de ‘tocar o foda-se’ quando realmente necessário.

Autocontrole, fé e fluoxetina. Elementos necessários para manter meu estômago longe das eventuais crises de gastrite. Leitura para me fazer esquecer um pouco de mim mesma, terapia essencial para uma mulher egocêntrica e egoísta. Mimada e imediatista. E o pior, geminiana.

Sofrimento. Ah, sim. Esse é o que vem para ensinar as melhores lições. E esperar a dor passar tem sido fator básico para meu amadurecimento.

Não espere por milagres. Nem acredite neles.

Não espere nada de ninguém. E não ache o tempo todo que as pessoas esperam algo de você.

Espere que tudo se ajeita. E se não se ajeitar, espere. Cedo ou tarde, você entenderá por quê.