sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Desde que decidi publicar apenas um texto por mês, ganhei a tranquilidade e a segurança. A tranquilidade de não ter que me forçar a produzir e a segurança de ter trinta dias para me inspirar, ler, pesquisar e montar um texto na minha cabeça. E foi exatamente isso que aconteceu nesse último mês. Eu tinha um texto pronto. Começo, meio e fim. Título e referência.

E a vida me surpreendeu com um bloqueio imenso. Um bloqueio que me deixou quatro horas olhando para essa tela vazia. Que me fez escrever e apagar centenas de vezes o mesmo parágrafo. Que me fez até ter saudade de escrever numa máquina de escrever, só para ver o cesto de lixo cheio de papéis brancos e amassados. Sempre gostei desse cenário.

Gosto de ter no que pensar. Sinto prazer em tirar alguns minutos por dia para pensar em mais uma frase para meu texto. De procurar a melhor palavra, a melhor forma de expressar o que preciso expressar. Dizer aquilo que só sei dizer quando escrevo.

É até engraçado pensar que um texto pronto não consegue passar pelos meus dedos e entrar nessa tela. A vida e suas surpresas.

Intimamente sei que tal bloqueio se deve ao fato de que não estou pronta, ainda, para falar sobre o que preciso falar. Ainda não estou segura o suficiente para tocar num assunto tão delicado. Meu orgulho (ah, eterno orgulho) me impede de vomitar publicamente aquilo que realmente me faz mal. A hora certa chegará, e essa azia de palavras estragadas no meu estômago finalmente sairá e me aliviará.

Um sofisma triste. Estou escrevendo sobre a minha incapacidade de escrever. Estou desabafando sobre a minha incapacidade de desabafar.
É o máximo que consegui tirar de dentro desse vazio covarde que nesse momento habita em mim.