sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sobre as Adaptações


E naquela manhã, do dia 15 de Fevereiro de 2003, centenas de pessoas não sabiam como a vida delas mudaria a partir daquele encontro. Daquele menino e daquela professora. Foi por causa do nosso encontro que todos se encontraram e de uma certa forma traçaram caminhos diferentes em suas vidas.

Enquanto o mundo celebra e chora por tantas coisas, 2 pessoas, hoje, celebram 10 anos de tédio pelo mundo. Por que é isso que fazemos juntos. Rimos e choramos o tédio que sentimos em viver. Nos adaptamos, nos reinventamos. A cada pessoa que entrou em nossa “sala”, nos  fez mais unidos para mostrarmos lados de nós mesmos que nem sabíamos que existiam. Mas nosso elo permanece. Sem perguntar, sem querer saber porquê.

Apenas nos queremos vivos.

Para reclamar e rir da vida. Poucas pessoas me conhecem como você. Quem me descobriu, me deixou. E você fica. Mesmo depois de me revelar, mesmo depois de tudo. Você ainda está aqui. Se adaptando comigo, com o mundo, e com todos que deixamos entrar em nossas vidas.
Que continuemos por mais 10 anos juntos, procurando arduamente, dia após dia, razões para continuar vivendo. Você é uma das minhas poucas razões pra continuar aqui.

Te amo. 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O 12o. Andar



Acordei no meio da noite, com seu braço me sufocando o pescoço. Me aquecia e me sufocava. Com muito cuidado tirei-o de cima de mim e pulei seu corpo para poder alcançar a janela aberta. Estava chovendo e ventava muito. Lembrei que antes de acordar sonhava que estava em uma casa desconhecida e que olhava pela janela, de onde uma neve espessa caía. Sentia muito frio, olhava pra baixo e estava nua. Apenas um cachecol vermelho no pescoço. “Ah, entendi.”

Observei a rua lá embaixo. Tudo tão pequeno do alto desses 12 andares que me separavam da humanidade. Incrível. 4 da manhã, chovendo e tantas pessoas na rua. Amo e odeio essa cidade. Por um lado, o barulho que me acordava. Por outro, a certeza de que nunca vou estar sozinha aqui. Fechei a janela, as cortinas e pulei seu corpo de volta pro meu lugar. Antes que a tradicional vontade de pular da janela viesse. Foi o tempo de achar a sua camisa no chão e vestir. De pegar mais um cigarro do seu maço e correr pra janela da lavanderia. De pensar em escrever alguma coisa pra você antes de sair do seu apartamento. Foram tantos e tantos os rascunhos, mas nada que fizesse sentido. Então, eu fui embora sem dizer nada. Me desculpe, nada na minha vida faz sentido hoje.

É um risco você saber quem eu sou agora. Não faria sentido pra você.
Se algum dia a minha existência voltar a fazer sentido, eu te procurarei.

Até lá, obrigada. Sua camisa está na portaria.