Acordei no meio da noite, com seu braço me sufocando o pescoço. Me aquecia e me sufocava. Com muito cuidado
tirei-o de cima de mim e pulei seu corpo para poder alcançar a janela aberta.
Estava chovendo e ventava muito. Lembrei que antes de acordar sonhava que
estava em uma casa desconhecida e que olhava pela janela, de onde uma neve
espessa caía. Sentia muito frio, olhava pra baixo e estava nua. Apenas um
cachecol vermelho no pescoço. “Ah, entendi.”
Observei a rua lá embaixo. Tudo
tão pequeno do alto desses 12 andares que me separavam da humanidade. Incrível.
4 da manhã, chovendo e tantas pessoas na rua. Amo e odeio essa cidade. Por um
lado, o barulho que me acordava. Por outro, a certeza de que nunca vou estar sozinha
aqui. Fechei a janela, as cortinas e pulei seu corpo de volta pro meu lugar.
Antes que a tradicional vontade de pular da janela viesse. Foi o tempo de achar
a sua camisa no chão e vestir. De pegar mais um cigarro do seu maço e correr
pra janela da lavanderia. De pensar em escrever alguma coisa pra você antes de
sair do seu apartamento. Foram tantos e tantos os rascunhos, mas nada que
fizesse sentido. Então, eu fui embora sem dizer nada. Me desculpe, nada na
minha vida faz sentido hoje.
É um risco você saber quem eu sou
agora. Não faria sentido pra você.
Se algum dia a minha existência
voltar a fazer sentido, eu te procurarei.
Até lá, obrigada. Sua camisa está
na portaria.
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