sábado, 9 de fevereiro de 2013

O 12o. Andar



Acordei no meio da noite, com seu braço me sufocando o pescoço. Me aquecia e me sufocava. Com muito cuidado tirei-o de cima de mim e pulei seu corpo para poder alcançar a janela aberta. Estava chovendo e ventava muito. Lembrei que antes de acordar sonhava que estava em uma casa desconhecida e que olhava pela janela, de onde uma neve espessa caía. Sentia muito frio, olhava pra baixo e estava nua. Apenas um cachecol vermelho no pescoço. “Ah, entendi.”

Observei a rua lá embaixo. Tudo tão pequeno do alto desses 12 andares que me separavam da humanidade. Incrível. 4 da manhã, chovendo e tantas pessoas na rua. Amo e odeio essa cidade. Por um lado, o barulho que me acordava. Por outro, a certeza de que nunca vou estar sozinha aqui. Fechei a janela, as cortinas e pulei seu corpo de volta pro meu lugar. Antes que a tradicional vontade de pular da janela viesse. Foi o tempo de achar a sua camisa no chão e vestir. De pegar mais um cigarro do seu maço e correr pra janela da lavanderia. De pensar em escrever alguma coisa pra você antes de sair do seu apartamento. Foram tantos e tantos os rascunhos, mas nada que fizesse sentido. Então, eu fui embora sem dizer nada. Me desculpe, nada na minha vida faz sentido hoje.

É um risco você saber quem eu sou agora. Não faria sentido pra você.
Se algum dia a minha existência voltar a fazer sentido, eu te procurarei.

Até lá, obrigada. Sua camisa está na portaria. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.