quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Simples Assim

E a cada vez que você vai embora, o silêncio parece ficar menos doloroso. Não por eu gostar mais do silêncio, e sim por eu conseguir ouvir minha própria voz dentro de mim. Assim como você consegue ouvir o meu silêncio. Assim como você consegue entendê-lo.

Por quê eu sempre sinto que nosso último abraço tenha talvez sido o último abraço? Talvez porque o cheiro da sua nuca, a força dos seus braços e o calor da sua pele já estejam cravados em minha alma. Talvez porque eu esteja tão suficientemente preenchida deles que já não precise mais de nenhum.

De repente você vem, preenche alguns momentos e colore meu mundo com suas cores de Almodóvar. E no mesmo ‘de repente’, você vai embora. Engraçado. Cada vez que você vai embora, sinto que te amo menos. Talvez porque todo meu corpo já está preenchido de você, dentro de mim, que nem é preciso chamar tudo isso de amor. Já não é mais nada. Apenas é.

E quem andar do meu lado, deverá saber que andará ao seu lado também. Que aceite essa condição. Que respeite tudo isso que existe dentro de mim. Que entenda esse nada, esse silêncio, essas lágrimas presas na garganta. Esses abraços que já não preciso mais dar. Que saiba que grande parte dos meus sorrisos vêm de você, que me fez entender a importância de cada sorriso meu. Que te agradeça por isso.

Já não é mais nada. Mas é eterno.

É.