sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O que reflete a alma - ensaio sobre as gratuidades

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Parte 2 - do ódio

O ódio mata, dizem os orgulhosos. O ódio mata, dizem os vaidosos. O ódio mata, dizem os egoístas. O ódio impulsiona, dizem os que amaram demais. O ódio faz perguntas sem respostas.
O ódio nada mais é do que uma admiração cúmplice e testemunha do amor. A inveja é o resultado. A morte é opcional.

Odiamos quando não entendemos. Odiamos quando não absorvemos a admiração alheia. Odiamos quando não conseguimos sair do lugar. O ódio gera preconceito. Preconceito é medo. Medo do desconhecido. Seria o ódio ainda um desconhecido?

Antagonista ou arquiteto do amor? Planejador de sonhos. O sonho de deixar de sentir esse ódio ou o plano de destruir quem você odeia? O ódio é opcional. E é necessário. Para que, dentro das lições, das colheitas, das plantações e dos resultados, possamos transformá-lo em desprezo primeiramente, depois em piedade e por fim, em amor. Amor próprio suficiente para não sentir mais esse ódio que você escolheu sentir de alguém, de algo ou de alguma situação.

Quem te odeia normalmente ignora a razão de tantos te amarem.
Quem você odeia precisa do seu amor próprio para aprender.

O que te faz odiar? Você odeia tudo aquilo que você inveja.
O ódio é a inveja mascarada.
O amor é a admiração silenciosa.
O ódio te faz amar. Mesmo que você não queira. No fim, em mil anos, o ódio terá se transformado em amor. Porque um depende do outro.

Do que você depende?


sábado, 26 de novembro de 2016

Da Reca

"BOM QUERIDO DEUS!

Aqui estou no hospício, sozinha com o coração em mil pedaços,
Acho que não fiz nada na vida que fosse digno de orgulho,
Bom acho que talvez eu
Tenho que me reinventar, começar de novo, sentir novas emoções..."



Bilhete escrito no último dia da minha internação, por uma amiga que também se chamava Regina.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sobre saber que se é...

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... e tudo que eu mais quero nessa vida é você...



Sou eu, a piada do ano, do século, do milênio.
Sou eu, que acredita que sozinha pode conseguir mudar o mundo. Pelo menos o mundo de alguém.
Sou eu, vigiada, observada, julgada, sentenciada, ironizada, falada.
Sou eu, que tento arduamente buscar a paz e a liberdade, e hoje me encontro presa dentro do que as pessoas acham que eu deveria fazer.
Sou eu. Prisioneira de mim mesma. De um mundo cruel. De um mundo doentio. De um mundo horroroso.
Sou eu. Que encontrei o amor. O amor de Deus, o amor próprio e achei que encontrei algo que não buscava mais.
Sou eu. Que tenho o corpo deformado mas a alma boa. Que sou o fruto podre e fácil de ser coletado, por estar no chão e de fácil acesso. 
Sou eu. Aquela que tenta ajudar a dar soluções pra pessoas que não querem soluções.
Sou eu. Que não tem mais amigos porque todos decidiram sair da minha vida. Os que ficaram, tentam ter paciência com esse 'eu'.
Sou eu. Frágil. Boba, sem autoestima nenhuma. De um humor infantil, periférico, marginalizado e ácido.
Sou eu. Que ama fotografia mas não consegue a admiração de quem eu mais admiro. Nem quando peço.
Sou eu. Que tenho pavor de símbolos materiais que demonstrem uma conquista espiritual e agora carrego no pescoço a vergonha de ter feito isso.
Sou eu. Sim. Sou eu. Que escolheu não guardar datas comemorativas pra não ter que chorar pelo resto da vida nos dias que eu achei que era feliz e não era. 
Sou eu. Que não sei amar como as outras pessoas. Que acho que o amor verdadeiro são aqueles 10 minutos de oração diárias, ou aquelas poucas horas dedicadas a quem sofre mais que eu.
Sou eu, aquela que centenas de pessoas hoje querem decidir o destino. Destino esse que nem eu sei o que quero.
Sou eu. Que não sou loira, não tenho o corpo perfeito, os seios a mostra em público, o talento de cantar num palco, o amor da sua família, a admiração no meu trabalho. Eu achei que fosse o Sol no seu coração. Me desculpe.

Sou eu. Uma viajante. Que quer explicações, mas que não sabe pedir. Não mais. 
Meu amor não pede. Meu amor não prende. Meu amor não ostenta. Meu amor apenas quer paz. 







quinta-feira, 6 de outubro de 2016

21st Century

Soundtrack: here


Fat
Phat
Free
Face
Book
Freedom
Random
Trust
Choices
Losses
Profits
Assets
Family
For God
Old
Infertile
Soulful
Good
Mad
Jealous
Poor
Fat
Phat
Lucky
In love
Always





sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O que reflete a alma – ensaio sobre as gratuidades

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Parte 1.

Do amor: O amor te leva ao paraíso, dizem os religiosos. O amor te mata, dizem os poetas. O amor te liberta, dizem os sábios. O amor constrói, dizem os otimistas. Ah, o amor. Que nada mais é do que um punhado de respeito, uma constante admiração pelo próximo e uma confiança que ultrapassa os limites da razão. Os anos não são contados. A idade pouco importa. Falemos da gratuidade do tempo. O tempo que você precisa pra amadurecer e encontrar algum sentido real na vida. Alguns levam mais tempo. Outros menos. Depende do que busca, do que enxerga lá na frente, do que se quer nesse momento. Nesse momento do tempo. O amor que você deposita em tudo que faz, dentro do tempo de vida que tem. Seja o que for. Onde for. Com quem for. A gratuidade da alegria de se sentir o outro. A gratuidade e o valor de um abraço, quando o que você mais precisa é de um abraço. Um copo d´água para o sedento.

Esse tal amor divino. Esse que me dá chances e chances de melhorar. Dentro de cada tempo que me é dado. De que já me foi dado. De que será dado. Gratuitamente. Esse amor que eu acredito não ser tirano, não me julgar, não exigir de mim, em apenas um punhado de anos de uma só vida, a perfeição. Que me oferece oportunidades de aprender em outros planos do espírito, que não tenta me convencer de que a outra vida é um eterno ócio, onde a única função é deitar e ouvir anjos cantando ao meu redor. Não. Isso não é progresso. Se eu tenho apenas esse tempo de agora, dentro desse corpo, me desculpe, não chegarei à perfeição divina. E não acredito que em estado moribundo, se eu olhar pra cima e disser eu aceito Deus, tudo o que tiver feito em degradação do próximo será perdoado, e eu imediatamente me tornarei um anjo celestial. Não. Isso pra mim não faz sentido. O amor te reforma, te consola, te da chances e chances de evoluir. O amor, a energia cósmica, o universo inexplicável. Somos todos seres criados pelo mesmo criador. Que fez um universo inteiro dentro de nós, um micro universo. E nós, células desse mundo, moléculas que fazem o corpo terrestre se movimentar, precisamos amar, para que esse planeta consiga sobreviver. Precisamos ser as células boas que impedirão que as células em neoplasia matem o amor de Deus. O amor que nos foi dado dentro desse nosso tempo de agora.

Amamos quando respeitamos o nosso tempo, consequentemente o tempo do outro. Amamos quando admiramos o que o outro faz no tempo dele, amamos quando confiamos que o tempo dele te respeita e te admira.

Amamos quando doamos o nosso tempo. Não é a igreja que te salva. É a caridade que te salva. O que é a caridade senão a maior prova de amor? Você é caridoso quando entende os limites humanos e não exige mais do que os seus limites podem te oferecer.

Amamos quando olhamos para cada criatura desse mundo, em todos os seus reinos, e entendemos que tudo existe em nós também. Que o ferro, o fósforo e o potássio na natureza também estão dentro do nosso organismo. Somos seres criados da mesma forma, com os mesmos elementos. O amor de Deus ao homem é a capacidade de raciocínio. Raciocínio esse que foi nos presenteado para que soubéssemos lidar com todos os nossos sentimentos através da razão, da lógica e da clareza. Pra que assim, depois de racionalizada, possamos entender em toda sua lógica e razão, o que é o amor.

O amor reflete como um espelho. Nos meus espelhos, eu mostro a minha alma. Que é a única coisa que posso oferecer ao mundo. Meu corpo não cabe dentro dos padrões dos corpos que são amados. Mas a minha alma é.
O amor traz paz. Sempre.
Se não te traz, não é amor.
É apenas o seu orgulho esperando algo que ainda não passou pela sua razão.
Mas vai passar. Não se preocupe. O tempo é sábio e é gratuito. Preencha-o de amor.


Seja qual for a sua forma de amar.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

De um quase, um tudo

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Dessa vez vou falar sem falar.
Dessa vez vou preservar o máximo que puder, que conseguir. Esconder não é a palavra, afinal não há nada de errado. Apenas a necessidade de manter a discrição, de ter segredinhos e manter a vida mais alegre.
Dessa vez é em paz.
Dessa vez é uma coisa só nossa. Não é mais de acesso aos interessados pela vida alheia. Não é mais como sempre foi.
Dessa vez será em silêncio.

Dessa vez será.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Das renovações – quando até as raízes mudam

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Quando o inverno chegou, com ele veio uma avalanche de resoluções. O outono levou consigo todas as dúvidas do que era certo ou errado fazer comigo mesma. E resolvido tudo, o caminho foi aberto. E a única coisa que importava (e ainda importa) é a renovação. As renovações. De sentimentos, de sonhos, de desejos e de foco. Foi a hora que minha vida se tornou ardilosa, e assim, do nada, um túnel se abriu e me levou de volta a um período em que os sonhos eram leves, tais como os sentimentos, os desejos e os focos.

E eu me renovei. E de novo, voltando a mim mesma. E de novo, estava perto de mim, só eu não enxergava. Dessas coisas irônicas da vida.

Uma parte de mim, aquela esquecida, se renovou. Outras, claro, se mantém firmes. O objetivo continua o mesmo – não fazer mal a ninguém. O sonho de ter uma alma livre de apegos desnecessários também. O foco, a caridade e o aprendizado. Contudo, o desejo agora é estar dentro de um abraço. O sentimento se renovou de tal forma, que a leveza é insustentável.




segunda-feira, 20 de junho de 2016

Da palavra

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Algumas horas antes d’ela seguir caminho, ela escreveu sua última palavra – resiliência.

Ela, genial como sempre foi, resumiu todo o passado, o momento presente e seu futuro eterno em uma única palavra. Nada representa melhor o que ela fez. E toda a mensagem que ela quis deixar ficou nessa única palavra. Foi isso que ela deixou pra nós. Uma palavra.

Desde então, passei a procurar a minha palavra. Revirei livros, cadernos, notas, coisas da época da faculdade. Achei algumas, chorei com outras, amei a maioria. Mas, como tudo na vida, não é procurando que se acha. Você simplesmente tropeça naquilo que você precisa. As coisas aparecem e acontecem na hora certa. E foi assim, desse jeito que ela apareceu. 

Grata por ser de um idioma que faz parte das minhas raízes. Grata por ela ter saído do coração de alguém que me ama incondicionalmente. Mais grata ainda por eu ter finalmente entendido o que ela significa. E eu a ouvi desde o dia que nasci.

As coisas que precisamos estão todas ao nosso redor, perto da gente. Contudo, só as reconhecemos no momento certo, na hora que estivermos prontos pra entender.
Essa palavra resume o que eu vim aprender aqui. Nesse mundo, nessa vida. E é isso que eu vou deixar todas as vezes que tiver que seguir caminho.


“GANBATTE”

sábado, 4 de junho de 2016

Do meu último ano - do meu coração rebelde

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Ouvi Chandelier da Sia todos os dias. Religiosamente. Por quê? Não sei. Só sei que ouvi. Sissy that walk da RuPaul foi a música que eu ouvi todos os dias pela manhã, exceto no período que morei fora. Lá eu ouvia o que os outros estavam ouvindo. Era hora de conhecer coisas novas.
Foi o ano de Rebel Heart e de chorar ouvindo True Blue ao vivo depois de tantos anos.

Foi o ano de Cate Blanchet e sua magnífica Carol. Não houve filme mais lindo que esse.
Foi o ano de Homeland, sem dúvidas. Com duas temporadas arrebatadoras, depois de um final incerto na terceira temporada. Carrie Mathison é ainda a personagem feminina de séries ‘modinhas’ mais forte, mais humana e consequentemente, mais complexa.
Foi o ano de Rainhas. Drag queens. Ano de Bianca del Rio e Violet Chachki. De Bob The Drag Queen e Chichi Devayne. De autoestima e amor próprio. Coisas que se aprendem quando você entra num universo tão rico, tão cheio de vida e alegria, tão cheio de arte, mas que noventa por cento da humanidade marginaliza, ridiculariza e se envergonha.

Foi o ano de Paulo e Estevão. De uma leitura que machuca a alma e ao mesmo tempo te levanta de qualquer lamaçal que tenha se enfiado.

Das estradas, claro, todas rumo ao Sul. Todas que me levaram à vida que eu escolhi ter de vez em quando. Que me levaram ao mate, à fogueira, ao amor livre e ao direito de ser quem você quiser ser. Eu era uma babá. E também muitas outras coisas que não convém citar aqui.
Ano das águas geladas do Uruguai, e ano das águas mornas do litoral paulista. Foram nove praias no total. Algumas montanhas e todos os nasceres e pores de Sóis possíveis e imagináveis.
Foi o ano de começar em uma escola de idiomas na Augusta. Foi o ano de largar tudo (de novo), aceitar um trabalho em Punta del Diablo e descobrir intimamente as belezas do Uruguai. E da Alemanha, da Turquia, da Espanha , da Holanda, e principalmente da Argentina. Tinha o mundo inteiro se reunindo todas as noites em volta da fogueira pra contar histórias. Voltando pras minhas terras, vivi. Tudo o que quis. Largaria tudo de novo pra viver tudo isso de novo. Nunca me abandonarei atrás de uma mesma mesa por anos e anos, estagnada e sonhando com uma vida que eu nunca vou ter. Nunca me deixarei dentro de um aquário observando o mundo que passa a minha frente. Nunca permitirei que o comodismo me impeça de viver. Nunca permitirei que os meus sonhos sejam podados pelos sonhos dos outros.

Foi o ano da paz e da leveza do perdão. Paz essa conseguida em trabalhos comunitários, em trabalhos de amor e uma tentativa (ainda que um pouco falha) de altruísmo. Paz essa conseguida depois de entender que do nada a gente pode deixar esse mundo. Então que sejamos os mais honestos que pudermos e que consigamos olhar um pouco pra fora do nosso próprio umbigo. Foi o ano da alimentação saudável e da tentativa de uma vida saudável. Nem tanto, nem sempre. Mas tentei.
Começo meu novo ano sem chefe, sem horário fixo, sem crachá. Livre das corporações, hoje trabalho com moda – mas prometo não me tornar fútil. Começo dando algumas aulas particulares, palestrando, fazendo consultorias, traduções, academia, crochê e sexo de vez em quando. 

Recomeço algumas parcerias perdidas com o tempo.

Já com duas viagens agendadas, começo redescobrindo estradas, mares e céus. Com algumas paixões no peito, vou levando a vida tentando não machucar ninguém. Principalmente a mim mesma.

Fotografei e continuarei fotografando. Sempre. Até o próximo ano. 

E que, de novo, ninguém me tire de mim.

domingo, 15 de maio de 2016

Das permissões

Sei que se há qualquer indício de negativismo nesse momento provém de um sentimento egoísta, de um ser humano comum que não aceita perder. Também sei que um dia essa dor vai passar como já passou em outras situações parecidas com essa, em que o dia de amanhã parecia não chegar. Chegou. Passou. A vida volta. Sempre. A morte é e sempre será apenas parte da nossa existência.

Já tenho conhecimento suficiente pra entender isso. Hoje em dia, minha fé inabalável me dá o conforto e a certeza de que não há motivos pra chorar.
Mas eu me permito sentir. Tudo o que for necessário. Lembrar-me de você é rir, chorar, rir de novo e chorar de novo. Não conseguiria contar quantas vezes você me fez rir. Quantas vezes você me escutou. Quantas vezes você voltou das suas viagens com uma caixa de presentes pra mim. Não conseguiria dizer qual o melhor passeio, a melhor comida, o pior mico, a pior música que cantamos nos karaokês. Nem se passasse o resto da minha vida tentando lembrar tudo eu conseguiria. Porque você entrou na minha casa ainda adolescente. E cresceu do meu lado. E mesmo quando o destino não quis mais que você fosse da minha família, você continuou lá.

Que privilégio ter te conhecido. Quantas lições que você deixou. O sarcasmo e a ironia incomparáveis. O humor ácido que me fez te admirar cada dia mais.

Eu me permito chorar. De saudades. De pena de mim mesma. Porque eu sei que vamos nos reencontrar, mas até lá vou ter que viver num mundo um pouco mais vazio e sem graça. Sem a sua risada alta. Sem seu ombro solidário pro meu coração egoísta encostar.

Eu me permito agradecer. Por ter te conhecido.
Eu me permito dizer que te amo.
Não me permitirei jamais dizer adeus. Apenas um até logo.
Nada é nunca mais.


Débora Parisi 
07/12/83 - 14/05/16



quinta-feira, 31 de março de 2016

Sobre o céu

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Naquela manhã chuvosa, sentada na areia esperando o sol nascer, alguém me perguntou o porquê da minha fascinação pelo sol se pondo e nascendo, a ponto de chorar ao ver um céu laranja. “É pra ter a certeza que o mundo realmente dá voltas.” A voz se silenciou e me silenciou. Ficamos os dois assim, em silêncio até ter a certeza que a chuva não nos deixaria ver mais um espetáculo subindo do mar. Voltamos para casa. Para a rede, para o livro e para o café.

O verão chegou ao fim, o silêncio se encerrou. O outono trouxe suor. Ninguém consegue suar calado. O calor intenso foi substituído pelos ventos gelados da madrugada e eu precisei partir.
Para um viajante, partir e voltar se confundem. Ir não é deixar. Levar é trazer. Buscar é deixar ir. Voltar é sagrado. Partir é necessário.

Voltei. Muito mais que geograficamente. Voltei para uma parte de mim, esquecida, deixada e partida. Voltei para fazer apenas aquilo que eu gosto, desde a hora que acordo até a hora de me deitar. Voltei para me recusar a fazer qualquer coisa que não seja extrema e absolutamente da minha vontade. Voltei para não me entregar a nenhuma instituição, a nenhum grupo, a nenhum lado. Voltei para comprovar que ter escolhido ser viajante na vida valeu a pena. Viver para isso. Ganhar dinheiro para isso. Respirar isso.

Voltei pra deixar bem claro que a minha escolha é ser.