Sobre a decisão
E era uma noite dessas de inverno
em São Paulo. No meio da semana, me deitei cedo e acabei adormecendo no meio de
uma leitura. Acordei por volta das três da manhã, e sem sono nenhum, liguei o
computador pra ver se havia alguma mensagem que pudesse salvar minha semana
tediosa e cansativa. Me sentia enclausurada, num mundo de 3 metros quadrados.
Tudo fechado, sempre. Tudo lotado, quente, fedido. E tudo isso pra quê? Pra quê
acordar de madrugada, enfrentar trânsito, transportes lotados, filas e caras
feias?
Tudo isso pra ter dinheiro, claro. Dinheiro pra quê? Pra comer e poder
trabalhar melhor e ganhar mais dinheiro. E comer melhor e poder trabalhar mais.
Só pra isso? Sério? O sentimento de clausura não passava. De jeito nenhum.
Lá estava eu em Salvador, na
Bahia, olhando pro mar enquanto escrevia esse texto. Foi o resultado da minha
noite de insônia, da minha síndrome de sardinha em lata, de quem precisa de uma
razão pra acordar cedo todos os dias.
Encontrei. Agora eu sei porque eu
tenho que acordar cedo todos os dias. Pra cada vez mais acordar em lugares
diferentes, com ares, pessoas e culturas diferentes.
É a primeira grande decisão da
minha vida adulta.
Me tornei uma viajante.
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