Sobre a busca
Três Cidades – parte I
Um dia eu acordei, entrei no Google e vi uma foto de uma
cidade histórica qualquer, em algum lugar qualquer. Foi por causa dessa foto
que eu quis conhecer alguma cidade histórica qualquer. E desde essa primeira
viagem, decidi conhecer todas as cidades históricas possíveis.
Relato aqui algumas coisas sobre as três primeiras cidades
que visitei.
Comecei pelo mais barato e óbvio. Pelourinho, Salvador,
Bahia. De verdade, a única coisa boa de Salvador. A cidade é um caos, tem
esgoto a céu aberto em qualquer canto e qualquer coisa que se coma lá custa R$
60,00. Me hospedei na orla, num hotelzinho 3 estrelas de frente pro mar. Dava pra
ir andando até o Farol da Barra, uma caminhada de 2 km e um monte de vendedor
ambulante pulando no seu pescoço. Ai de você se não comprar alguma coisa.
Compre. Vai por mim. R$ 10,00 num colar é o preço do seu sossego. O acarajé da Dona Tânia de frente com o Farol é
o melhor (sim, experimentei TODOS), custam 3 reais e valem um almoço. O
Pelourinho vale por tudo. Pelos museus, lojinhas, restaurantes e cafés. A cada
trinta minutos passa o Olodum tocando, portanto você passa o dia inteiro
dançando o ilê-ayê. Divertidíssimo. Pseudo-fotógrafos, vale a pena entrar nas
vielas escondidinhas atrás da praça principal, são mais vazias e cheias de
casas interessantes. Óbvio, não entre depois que escurecer. A Praia de Itapuã é
uma farsa. O Estádio Fonte Nova estava em construção na época, não consegui
entrar. O aeroporto não tem ar-condicionado.
Depois disso, peguei um ônibus e fui até Paraty, no Rio de
Janeiro. Saindo do Tietê, custa uns 50 reais e leva 8 horas pra chegar lá. Tirando
a chuva que ia e vinha e o monte de gente escorregando nas ruas do centro
histórico, tudo correu bem. Comida boa, muito boa. Bar do Poeta e Café Paraty
são incríveis. O centro é tão pequeno e acolhedor que dá pra conhecer tudo em 2
horas. Depois disso você fica dando voltas e voltas nos mesmos lugares, o que
vale a pena fazer solitariamente com um fone de ouvido e uma trilha sonora de
Duke Ellington. É um lugar onde me senti muito livre. Entenda como você quiser.
Me hospedei numa pousada na Praia do Jabaquara, há 15 minutos de carro do
centro histórico. Valor excelente (pagaria o mesmo pra dividir um quarto com 12
criaturas num hostel se tivesse ficado no agito), 90 metros da areia da praia e
do lado do quiosque Caminito – a melhor carne argentina fora da Argentina.
Porto Seguro e sua ‘incrível’ cidade histórica. Fiz um tour
naquele ônibus de dois andares, com um grupo de mulheres de meia idade, onde o
guia local colocou um CD da Rihana no último volume e eu fiquei lá em cima,
exposta ao Sol e ao vento, vendo minhas colegas de excursão acenando para as
pessoas na rua, enquanto ouvia “this girl is on fireeeeeeeee...” – Paguei R$
50,00 e perdi a minha dignidade. Decepcionadíssima com o que vi, mas válido
pela história do lugar. Pelo que você imagina que aconteceu ali. A cidade
histórica consiste em: 3 igrejas, uma pedra de Pedro Alvares Cabral e um monte
de casinha-colorida-fake enfileiradinha. Vale pela vista. O Memorial do
Descobrimento é interessantíssimo e a comida é boa em qualquer lugar. Me
hospedei numa pousada em Santa Cruz Cabrália, beira-mar, custo-benefício
sensacional. A praia de Coroa Vermelha estava a 50 metros do hotel, dava pra ir
andando até o local da primeira missa e a feirinha de artesanatos é coisa fina.
Você encontra vestidos lindos por preços ótimos e todas as barracas aceitam
cartão de débito e crédito. Ideal pra uma semana de descanso.
Continuo procurando o local que eu vi na foto, aquela que me motivou a começar a explorar essas cidades. Não salvei essa imagem em lugar nenhum, não achei mais a foto na rede. No final das contas, viajo pra encontrar esse lugar que eu vi. E como tudo na minha vida, morro de medo de encontrar e não ter mais o que procurar depois. Paradoxo no melhor estilo lacaniano. E é individual.
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