Tenho um dia pra dormir. A cada
quinze dias, eu durmo por doze horas seguidas, ininterruptamente, pra tentar de
alguma forma recuperar-me do cansaço físico que é trabalhar de domingo a
domingo. Hoje foi esse dia. Acordei depois de muito tempo. Dormi até cansar de
dormir. Despertei com esse texto na minha mente. Acho que porque sonhei com
você. Sonhei com a gente. Sonhei comigo.
E naquele momento, estávamos
novamente juntos dentro daquele quadro. Senti uma onda fria vindo em minha
direção. E de repente, você sumia no meio de uma
tempestade de vento.
Não sei por que me emocionei tanto.
Não sei por que acordei. Não sei por que sonhei. Sei que senti saudades. De
mim. Senti saudades daquele você que eu não pude conhecer.
Mas, acima de tudo, senti
saudades daquele tempo. Tempo esse em que acreditava em tantas coisas. Como se
tivesse lido algum livro que revelasse a verdade por trás dos contos de fadas,
e de repente descobrisse que na verdade Cinderela foi uma escrava sexual
egípcia, o que Branca de Neve não tinha nada a ver com os sete anões. Eu
acordei e percebi que nunca houve nenhuma fábula entre nós. Simplesmente uma
sequência de fatos ordinários, onde nada de especial aconteceu. Apenas pequenas
tragédias e alegrias menores ainda, que juntas soaram como algo grande. Não. Eu
fui apenas escrava daquilo que achava ser verdade. E nada era verdade.
Hoje, ao ler suas palavras
novamente, percebo o quanto você prefere continuar acreditando na sua fábula e
o quanto eu não preciso mais de fábulas para ser feliz. Hoje, ao saber que você
nunca vai admitir a sua verdade, percebo o quanto eu adoraria ter você comigo. O
quanto eu seria capaz de amar a verdade que existia por trás daquele personagem
que você criou.
Sinto saudades apenas da pessoa
que não conheci e temo nunca mais querer dormir.