segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ainda somos os mesmos

E eu decidi tirar férias de você. Decidi que queria saber como era a vida sem você.

O prazo seria de um ano. Mas a primavera chegou e com ela veio o cheiro do vento, do mato, da falta de chuva, dos almoços ensolarados e fins de tarde gelados. Veio o cheiro do seu hálito. Veio o nosso cheiro juntos.

A reaproximação foi fácil, simples e assertiva. Eu disse oi e você abriu seu sorriso enigmático e me aceitou de volta com apenas um olhar e um aceno de cabeça. A primeira frase da sua boca foi aquela que esperei ouvir por, talvez, toda a minha vida: Eu entendi seu silêncio e te respeitei.

A verdade é que nada mudou tanto assim. Melhorei minha aparência e meu coração. Tive mais tempo pra outros amigos, escrevi mais, li mais, vi menos filmes, falei menos sobre filosofia e critiquei menos a burguesia. Talvez até tenha me inserido nela. Talvez.

Ainda tomo chá todos os dias, durmo com pijama do Piu-piu, minha calcinha favorita ainda é aquela preta sem costura, ainda uso o mesmo All Star roxo e passo os 289 cremes antes de dormir.

Continuo comendo o Cheddar Mc Melt e tomando Coca Zero achando que não vou engordar. Continuo rejeitando peixe cru e cebola na salada. Ainda insisto no celibato experimental. Ainda insisto em me apaixonar uma vez por mês. Ainda sonho com adoção.

E fico feliz de saber que dessa vez quem mudou foi você. É bom te ver mais sério, com mais bagagem, com experiências de quem rodou o país inteiro e viu coisas que jamais terei oportunidade de ver.

Fico grata por você ainda estar do meu lado e me ensinar tanto. Me fazer rir tanto. E não me fazer chorar.
Por você ainda me amar, me respeitar, me admirar e confiar em mim.

Vejamos agora o que iremos aprender um com o outro.
Até que o inverno chegue novamente e nos peça por mais dias de silêncio e perdão.

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