De verdade? Eu queria mesmo que o mundo acabasse no dia 21
de Dezembro. Ou pelo menos que todo mundo REALMENTE acreditasse nisso. Quem
sabe assim, não faríamos exatamente aquilo que sempre sonhamos fazer, mas nunca
tivemos coragem. Quem sabe então, não começaríamos trocar trabalho por
diversão, e não diversão por trabalho. A vida seria uma festa, onde todo mundo
trocaria horas trabalhadas por horas vividas.
Eu vi gente muito jovem indo embora, eu entendi que sim, um
dia tudo acaba. Eu vi que o dinheiro parado no banco não é necessariamente um
dinheiro ganhado. É dinheiro perdido. Porque eu acho que o dinheiro não é
válido lá nas colônias espirituais, eu ainda não li em nenhum livro do André
Luis que tem um caixa eletrônico do Itaú lá no Nosso Lar. Então eu aprendi a
trocar. Eu deixo de fazer certas coisas, pra poder fazer outras. Mas definitivamente parei de trocar tudo simplesmente pra ter dinheiro parado no banco. É simples.
Eu deixei de almoçar fora durante um ano. Passei a comer
sanduíches frios sozinha na minha sala. Troquei por algumas viagens, com todas
as regalias possíveis. Eu deixei de pegar metrô, passei a acordar mais cedo e
sofrer o que um trabalhador que pega 5 ônibus por dia sofre. Mas quando eu via
o sol nascendo todos os dias, enquanto estava de pé naquele lugar apertado e
abafado, eu pensei em todos os horizontes que meus olhos já haviam visto, nos
mares, oceanos, rios e matas que pude observar ao longo das minhas viagens.
Troquei sapatos e roupas por livros, cabeleireiro por
passagens aéreas – meu cabelo está comprido, e não é porque eu gosto dele
assim.
E confesso, acabei de fazer uma troca gigantesca na minha
vida. Daquelas que dão muito medo à princípio, mas que o universo calmamente
vai me mostrar que foi o certo. Daquelas que mudam o curso de nossa vida e nos
fazem entrar em ciclos novos, rotina e horários novos.
Engraçado que quando o ano de 2012 se apresentou como ‘o
pior começo de ano da minha vida’ eu não imaginava que eu conseguiria mudar
isso de forma tão bem sucedida. Eu troquei o pior pelo melhor. Troquei tudo e
deu certo.
Portanto, se esses forem os últimos dias da humanidade,
saibam que eu, Regina Sato, vivi o melhor ano da minha vida e fiz tudo aquilo
que eu quis fazer.
Caso o mundo não acabe, troque tudo em 2013. Finja que é um
mundo novo.
Trocar de vida é possível. E é bem divertido...