terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Sobre as portas que batemos



- Vou desistir de tudo hoje.
- Não, não vai.
- Por que você tem tanta certeza disso?
- Se você me procurou pra dizer isso é porque não vai desistir de nada.
- Verdade.
- Então me diz. Por que eu?
- O copo transbordou.
- Desde quando existe o copo?
- Não me lembro.
- O copo não deve existir. Só o vazio dentro dele. Esse buraco sem forma, sem volume, sem gosto. Esse sim     precisa existir. Mas o copo não.
- Meu copo está quebrado.
- Às vezes não está quebrado. Às vezes é assim mesmo.
- Machucam-me. Os cacos.
- Pensa no vazio. É só ele que importa agora. Decida a importância dele pra você. Aceite. O copo não existe. A aceitação é o último estágio do luto.
- Posso ficar aqui do teu lado?
- Entre. Quer um copo d'agua?

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