quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Cordilheira

Segundo livro de Daniel Galera que li. Decidi lê-lo por três motivos: obviamente para conhecer melhor o autor que havia me encantado com “Até o dia em que o cão morreu”, depois porque o segundo livro dele que eu realmente gostaria de ler (Barba ensopada de sangue) às vezes aparece por R$ 9,90 em alguns sites de compras, então valeria a pena esperar. Terceiro e decisivo: estava procurando livros em uma grande livraria de São Paulo, quando uma linda garota se aproximou de mim e me deu todos os motivos pra ler Cordilheira. Olhei para um amigo que ouvia nossa conversa e decidi com uma troca de olhares o que eu queria. 
Era Cordilheira mesmo.
Um romance expresso. Vivido por Anita, uma mulher de quase 30, letrada, escritora, que tem um longo relacionamento interrompido por falta de sonhos em comum, que enfrenta a morte prematura de uma de suas melhores amigas e que foge pra Buenos Aires.
A história se mistura. Os personagens só existem porque há personagens que foram criados em livros por eles mesmos. No meio dessa confusão, conhecemos um grupo de amigos de Anita, todos escritores frustrados. Entre os amigos, Holden, personagem estranho, distante, jovem e de uma virilidade incomparável. Em poucos dias eles se envolvem e passam a viver uma vida louca, onde a realidade e a ficção se misturam no melhor estilo Dogma 95. Onde livros secretos são deixados na porta de sua casa em Buenos Aires, para que ambos pudessem se conhecer melhor. Descobriram a liberdade, o silêncio compartilhado e as ressacas. Mas principalmente, a Literatura. Essa discutida e apresentada como algo divino que poderia facilmente ser uma regra só podermos escrever com letra maiúscula. Para os apaixonados por Literatura, encontramos sentido nisso. Aos leitores de passagem, provavelmente uma grande besteira.
Conheci a literatura argentina através de Sabato. Consegui alguns argumentos em Cordilheira para entender que: pra se conhecer a essência literária de um país é preciso ler escritores de segunda linha. E foi isso que Daniel Galera tentou fazer. Na minha humilde opinião, de forma superficial diante do que ele poderia argumentar além do que fez.
De final previsível, contudo com uma delicadeza tamanha. Terminou como eu, que me identifiquei o tempo todo durante a leitura, gostaria que tivesse terminado. Estou satisfeita.
Indico para nós, pseudo escritores, leitores compulsivos, metidos a intelectuais e que vivem angustiados por alguma coisa que não sabem direito o que é. Ainda.

Título: Cordilheira
Autor: Daniel Galera
175 páginas

Companhia das Letras, 2008

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